Umas das últimas etapas da formação docente é o estágio supervisionado, eu considero um prova de fogo. É o desnudamento da profissão, é quando você sai do mundo mágico e maravilhoso da teoria e mergulha, ou se afoga, no mar (para muitos tenebroso) da prática.
O meu estágio foi muito frustrante, pois eu imaginava que estando de volta a sala de aula, agora como professor, eu seria respeitado, poderia aplicar tudo que havia aprendido na universidade e que poderia fazer a diferença. Mas, não foi bem como eu imaginava.
Primeiro não tive orientação, nem por parte da universidade e muito menos por parte da escola, fui praticamente jogado. Foi parecido aquela cena do filme Gladiador, que os combatentes estão esperando serem jogados na arena e tem um que se mija todo. Pois é... Foi um sufoco!
O principal obstáculo que um estagiário tem que superar é ele próprio, pois em sala de aula você está totalmente exposto, todas as suas fragilidades estão à mostra, e os alunos sabem disso, pois eles comparam você com o professor titular ou com os outros professores da turma, que obviamente são mais experientes que você.
E é nessa hora que o neófito percebe o quanto o ser humano pode ser cruel, que o sistema está falido e que está absolutamente sozinho. Muitas vezes a carnificina é geral.
Ao longo desses anos já acompanhei mais de dez estagiários, presenciei muitos deles saírem aos prantos da sala de aula, alguns disseram que não iriam seguir na profissão. Mas a maioria terminou bem, alguns estão lecionando, um está fazendo mestrado. Isso mesmo!!!!!! ... Tô ficando velho.
Sim, voltemos ao assunto. Como eu já frisei, o principal obstáculo é você mesmo. Durante o estágio você é testado em vários aspectos: no seu equilíbrio emocional, na sua capacidade de convencimento/mediação/gestão, pois você tem que convencer os alunos a lhe reconhecerem como professor. Não é tarefa fácil. O sentimento de fracasso e impotência é recorrente.
Resolvi falar desse assunto porque o estágio do professor Marcos, que eu estou supervisionando, está terminado e eu sei que ele sofreu igual a quando se prende os ovos no cabeçote de uma cangalha, mas ele sabe que aprendeu e ensinou muito também, inclusive a mim como já expus aqui.
Brincadeiras a parte, os piores momentos do estágio estão relacionados a frustração que sentimos frente aos atos de indisciplina e o conseqüente insucesso pedagógico. O que não podemos é desanimar. Há muito tempo, a indisciplina deixou de ser um fato esporádico e particular no cotidiano das escolas brasileiras, já se tornou, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais. Ou seja, não é um problema enfrentado apenas por aqueles que estão iniciando na profissão.
A maioria dos educadores não sabe como interpretar e administrar a indisciplina dos alunos. Nós professores, nos tornamos reféns dessa situação que frustra a todos. Mas isso não é uma situação geral, há também a satisfação (gratificação) que sentimos com o sucesso pedagógico atingido. É absolutamente recompensador a confiança que adquirimos ao desempenhar nossa função baseada numa saudável relação professor-aluno, o que consequentemente resultará no sucesso profissional.
Trabalhar com a educação é uma tarefa difícil, porém compensadora, alguns problemas e dificuldades que nossa sociedade enfrenta nos dias de hoje, poderiam ser amenizados com a melhoria da educação brasileira.
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