sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Seminário Corresponsabilização para Resultados de Aprendizagem

Minha participação no Seminário Corresponsabilização para Resultados de Aprendizagem. 
O encontro ocorreu entre 31/08/2016 e 02/09/2016 em Teresina PI e teve como objetivo promover a discussão sobre o papel da gestão escolar para a melhoria da qualidade da educação pública, com foco na corresponsabilização entre instâncias e profissionais da educação.


Os facilitadores do Instituto Unibanco iniciaram com o tema "correção de rotas".  Ultima etapa do Circuito De Gestão, que visa corrigir ou replanejar estratégias de gestão para evitar que possíveis desvios na Execução do Plano de Ação permaneçam até o final do ano letivo, comprometendo, com isso, o atingimento das metas e garantindo que os resultados sejam alcançados.




Também na oportunidade foram retomadas com uma síntese as três etapas anteriores do Circuito de Gestão, com o objetivo de trazer uma visão global delas e apontar suas implicações na conquista dos resultados de aprendizagem.

domingo, 7 de agosto de 2016

STRANGER THINGS: UMA CARTA DE AMOR AOS ANOS 1980

Vasculhando a Net senti uma perturbação na força com uma nova série que chegou causando muito burburinho, visto isso comecei a ler as criticas e terminei fazendo uma maratona  para devorar a primeira temporada.


Stranger Things conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha.

Apesar da série não ter uma identidade própria, o clima de nostalgia nos teletransporta para os anos 80 (Não parece, mas sou desse tempo) e nos faz relembrar muita coisa boa que rolava naquela época: ET, Conta Comigo, Poltergeist, Alien e Os Goonies são algumas produções que influenciam a Série.

Nesse quesito a Série é muito legal, pois relembramos as roupas, cabelos e aparelhos daquele tempo, sem falar o que os anos 80 representa culturalmente para a ficção e a fantasia. Inevitavelmente, Spielberg é um nome muito presente na essência da série, que passeia por pitadas de Stephen King, de filmes de horror como A Hora do Pesadelo e de tudo que representa a "existência paralela" dos jogos de RPG.

Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi as referências ao Clássico baseado na obra de Stephen King, o filme Conta Comigo (me marcou muito). A amizade infantil toma o centro da história de uma forma completamente orgânica, possibilitando que discussões mais sérias a respeito do quanto conhecem uns aos outros e do quanto a amizade de fato significa transmitam questionamentos universais através da ficção científica.

A trama começa quando o pequeno Will (Noah Schnapp) desaparece após mais uma partida de RPG com os amigos Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin). Os quatro garotos já não são mais crianças, mas ainda não adentraram aquela adolescência cínica que mata parte da ligação com o lúdico.

Eles se envolvem imensamente no mundo paralelo que criam em cada noite de jogos, por isso os eventos que se seguirão ao desaparecimento de Will exercerão na vida deles aquele papel clássico dos protagonistas de Spielberg: a transição do nerd perdedor para o herói.

Ao mesmo tempo em que Will desaparece, uma menina chamada Eleven (Millie Bobby Brown) foge de uma espécie de laboratório de experimentos e cruza o caminho dos garotos. 

Ela é o grande elemento que unirá os quatro na luta para encontrarem o amigo desaparecido. Se em E.T. é a própria criatura quem tem os dons sobrenaturais para servir como deus ex machina nas horas de aperto, em Stranger Things o papel se transfere para Eleven, que literalmente salva os meninos de várias enrascadas provocadas por esse imprudente senso de heroísmo , ao mesmo tempo em que é escondida por eles (da mesma forma que Elliot  fazia com seu amigo extraterrestre).

Os elementos de horror das obras de Stephen King, por exemplo, também ajudam a compor o quadro. Isso vai desde o título dos episódios até o uso do clássico "suspense de criatura" tão típico das histórias do autor. 

Tudo em Stranger Things é uma referência direta, assumida. Dos filmes citados aos que são transcritos, da fonte usada na logomarca até a trilha sonora incidental. O mais impressionante, contudo, é ver como os criadores, os iniciantes irmãos Duffer Matt e Ross, conseguem juntar tudo isso de modo coeso, elegante e eficiente.

O elenco infantil é o ponto mais forte da série. A impressão é a de que cada um dos meninos foi sugado de um dos "mundos invertidos" onde toda criança tem uma capacidade impressionante de atuar. 

Basta uma cena e a química entre o quarteto se estabelece completamente.  Bastam dois episódios e você já torce por aqueles amigos, já ri com eles, já se arrepia com cada citação a Stars Wars e se comove com cada abraço, lágrima ou vitória.

Stranger Things chegou se anunciando como uma carta de amor aos anos 1980, e as referências são promessa cumprida. É fácil se perder nas alusões e lembrar dos filmes que marcaram a época, principalmente os meios-de-carreira de Steven Spielberg. Com uma ambientação que remete à inocência perdida de uma década que já se foi, a nova série da Netflix aposta na nostalgia para conquistar o seu público.
  
Stranger Things promete, e como estamos órfãos de GOT só nos resta conferir.


segunda-feira, 16 de maio de 2016

REGINA SOUSA, DE QUEBRADEIRA DE COCO A 'TIA DO CAFÉ'

Diante da atual conjuntura resolvi homenagear uma grande mulher que é exemplo e motivo de orgulho para nós piauienses: A Senadora Regina Sousa.


Para tal irei reproduzir uma matéria publicada no CIDADE VERDE.COM  que destaca muito bem a trajetória da Senadora Regina Sousa .

E também uma belíssima matéria do portal Xapuri Revista Digital

Click no link a seguir para conferir na integra: Regina Sousa, uma notável transgressora


Fonte da imagem acima:


Na matéria intitulada: Regina Sousa, uma notável transgressora, Zezé Weiss Jornalista Socioambiental destaca toda a trajetória de luta da grande militante Regina Sousa, Veja os principais pontos da matéria:

Regina Sousa, a cidadã piauiense nascida no município de União, cerca de 60 km distante da capital Teresina, começa o seu mandato como a primeira senadora eleita pelo estado do Piauí, com uma missão transgressora: militante dos movimentos sociais e defensora intransigente dos Direitos Humanos, a senadora Regina Sousa quer mudar o modelo de cotas para mulheres no Sistema Eleitoral Brasileiro.

Defendo a cota das cadeiras, não a cota das candidaturas”, diz a Senadora. E acrescenta: “Hoje, na Câmara (47) e no Senado (13), somos 60 parlamentes. Nas duas bancadas, a principal pauta que nos une é a da cota das cadeiras. Nós mulheres parlamentares compreendemos que a cota das candidaturas foi importante, foi luta e conquista nossa, mas infelizmente não traz mais mulheres para o Congresso, nem para a política”.

Didática, a Senadora explica em voz baixa e delicada, porém firme, que o modelo vigente de inclusão de mulheres nas chapas eleitorais, além de defasado, é perverso, porque a grande maioria das mulheres entra apenas para legitimar as candidaturas masculinas. “Mesmo no meu Partido, o PT, onde a mulher alcançou a paridade nas instâncias internas, nas eleições, as mulheres fazem as contas e veem que não tem espaço pra elas. Então se perguntam: candidatar pra quê?”

A transgressão contra o que não está certo, Regina assumiu ainda criança. Até os 13 anos, a menina Maria Regina, filha da quebradeira de coco Maria da Conceição e do trabalhador rural sem-terra Raimundo (encantado), a quinta de 14 irmãos – 10 vivos e quatro já encantados –, viveu com a família a experiência da exploração pelo latifúndio enquanto quebrava coco nos babaçuais de União.

 “Menina ainda, compreendi as maldades do latifúndio, porque via o que acontecia com meus pais e com as famílias que moravam no mesmo terreno que a gente morava. Lá o trabalhador era chamado de agregado – agregado de fulano – porque morava no terreno de uma pessoa. Cada agregado tinha que dar um dia de serviço por semana na roça do patrão. E se não desse, no dia seguinte ele era mandado embora, tendo de sair em 24 horas. E se não fosse, o patrão botava fogo na casa. Eu vi muitas casas pegando fogo.”

Regina conta que as casas eram feitas somente com palha, tanto em cima como embaixo, tanto no forro como nas paredes, porque para os trabalhadores não valia a pena se esforçar para fazer uma casinha de taipa, mais arrumada, uma vez que poderiam ter que deixá-la a qualquer momento. E que foi daí que surgiu a sua necessidade de lutar pelos direitos humanos, contra as injustiças desse mundo.

Eu ficava revoltada, porque passava o dia quebrando coco pra de tarde vender na quitanda do dono do terreno. E aí ele não nos dava dinheiro, dava um vale de papel. E esse papel a gente tinha que trocar pela mercadoria dele, da pior qualidade, tudo da pior qualidade, o arroz da pior qualidade, o feijão da pior qualidade. Essa coisa era muito doída na minha cabeça. Então eu, que por alguma razão já tinha uma mente transgressora, dei um jeito de melhorar a nossa situação: a gente quebrava uns doze quilos de coco por dia, entregava uns sete e escondia uns cinco. Aí tinha uma comadre da minha mãe que levava, vendia e trazia o dinheiro pra nós. A gente tinha que fazer essa transgressão porque, do contrário, não tinha dinheiro pra comprar roupa, ou pra comprar o que não tinha na venda do patrão. Tudo ali era só no papelzinho, que não dava pra nada.”

Embora morando na roça, Regina foi alfabetizada na idade certa, “em uma daquelas escolas chamadas de escola isolada, com todas as séries na mesma sala, mas sempre fui pra escola, porque meus pais botavam a gente pra trabalhar mas também sempre tiveram o cuidado de fazer a gente ir pra escola”.

Depois, já com 13 para 14 anos, Regina deixou a vida de quebradeira de coco em União para estudar fora, não em Teresina, que era mais perto, mas em Parnaíba, no litoral, “porque tinha um parente nosso morando por lá, que primeiro levou meu irmão, e depois me levou para fazer o quinto ano – naquele tempo tinha o quinto ano primário, que vinha antes do exame de admissão para o ginásio, que era considerado ensino secundário naquela época”.

Na Parnaíba, Regina já chegou liderando. De pronto entrosou-se com a turma e tornou-se a oradora do quinto ano. Modesta, explica as razões da escolha: “Eu acho que essa facilidade para me entrosar foi porque como criança do interior eu era muito curiosa e perguntava muito. Então fui notada.

Foi na cidade de Parnaíba que Regina fez o ginásio, o curso pedagógico (equivalente ao curso normal), e tornou-se professora primária, sempre estudando em escola pública. Depois deu aulas. Depois decidiu que queria estudar mais, que tinha que ir pra Universidade, e como em Parnaíba só tinha a Faculdade de Administração, a moça Regina foi embora para Teresina, fez o vestibular e passou para Letras na Universidade Federal do Piauí, onde formou-se professora com habilitação em língua portuguesa e língua francesa.

O movimento estudantil, Regina descobriu na Universidade, em plena ditadura militar. Apoiava, participava das assembleias, mas não tinha como ir pra linha de frente. Para se sustentar enquanto estudava, trabalhava em duas escolas, uma pública e uma particular. “O que ajudava é que minha família já tinha melhorado um pouco de vida e tinha vindo morar em Teresina. A gente tinha uma casinha muito ruinzinha, uma casinha de taipa, mas era a nossa casinha.”

Mesmo assim, Regina levava uma vida difícil. Fez concurso para professora da rede pública e passou, mas o salário não dava para pagar as contas e ajudar a família. Regina foi em frente, encarando os dois turnos de magistério. “Eu trabalhava de manhã, de tarde, e estudava à noite. Da escola particular, eu levava uma sacola de cadernos pra corrigir todo dia. Então eu ia pra faculdade com aquela sacola de cadernos e depois quando chegava em casa ainda ia corrigir aquela batelada de cadernos pras 7 da manhã entrar em sala de aula de novo.”

A linha de frente na militância Regina só pode assumir depois da formatura. Começou ainda nos anos 70, no movimento de professores. Nos anos 80, já com mais de 30 anos, fez concurso para o Banco do Brasil, passou e mergulhou na atividade política e sindical. Foi fundadora do PT e dirigente nacional da CUT.

Aí eu já conhecia vários militantes sindicais, como o Gilmar Carneiro, dos Metalúrgicos de São Paulo, e o Jacques Pena, dos Bancários de Brasília. E acabou que formamos lá no Piauí uma chapa pra disputar o Sindicato dos Bancários. Em 89 ganhamos o Sindicato. O Wellington Dias era presidente e eu vice. Depois que o Wellington saiu, eu acabei virando presidenta do Sindicato dos Bancários.”

No PT, Regina sempre atuou em parceria com o amigo Wellington Dias, atual governador do Piauí. Militante, a Senadora foi presidenta do PT e coordenou as campanhas de Wellington para o governo do Piauí. Executiva, assumiu a Secretaria de Administração nos dois mandatos do Governador, no período de 2003 a 2010. Atualmente, é presidenta do PT no Piauí e integra a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Sobre sua chegada ao Senado, o governador afirma: “Regina Sousa trabalhou nesses últimos quatro anos como segunda senadora. De um lado, cuidando da gestão, da equipe, da administração, da coordenação política; de outro, cuidando das emendas, das demandas dos municípios, dos movimentos sociais e da relação com o próprio partido. Acumula um conhecimento extraordinário. Foi nossa coordenadora da campanha e tem muita capacidade e respeitabilidade. Antes de tomar posse, já tem participado conosco de reuniões importantes. Com Regina Sousa no Senado, ganha o Piauí e ganha o Brasil. Teremos uma senadora sensível, preparada e corajosa”.

No Senado, em sua primeira experiência como parlamentar, a senadora Maria Regina Sousa, funcionária aposentada do Banco do Brasil, militante dos movimentos sociais e poetisa nas horas vagas, elegeu como prioridades a defesa incondicional dos direitos humanos, do acesso à educação, da justiça social, do meio ambiente e das bandeiras dos movimentos de mulheres.

Pragmática, a senadora diz que está em Brasília para cumprir bem essa missão, mas que o Parlamento nunca foi uma escolha voluntária dela. “Na hora da disputa da suplência do Wellington, já prevendo que ele ganharia a eleição para o governo, todos os partidos da base aliada queriam a primeira suplência. E dentro do PT também tinha disputa. O único nome que gerava consenso era o meu. Então virei suplente do Wellington. E acabei Senadora da República”.

Disciplinada e determinada, nos fins de semana a militante Regina visita as origens e trabalha com os movimentos sociais e as bases partidárias no Piauí. Em Brasília, usa o tempo que lhe sobra na agenda parlamentar para fortalecer os movimentos locais e nacionais.


domingo, 10 de abril de 2016

O PÓ QUE É DA TERRA, À TERRA VOLTOU


Hoje vou lembrar com saudade, dos meus avós.

Dona Cristina minha avó e madrinha, ao longo de 84 anos,  foi uma mulher trabalhadora, determinada e sempre preocupada com a família.  Sempre foi uma católica ativa, frequentava missas, rezava o terço...

Uma Mulher simples e de foco nos trabalhos domésticos. 

Dona Cristina acompanhou de perto o crescimento dos seus 9 filhos e 8 netos.


Morreu dignamente!
Morte digna é uma forma que Deus providencia para aqueles que vivem na retidão, como foi a história de Dona Cristina.


Ela completou seu ciclo de vida sempre forte, nunca fraquejou, nunca reclamou da vida, nunca lamentou. 
Sabemos que as despedidas doem, soam a uma casa vazia. Soam a ausência e solidão. Mas a Morte não é Nada, é somente a passagem para o outro lado do Caminho.

 













Quero dizer minha madrinha que o que você era para nós continuará sendo, pois continuaremos falando com você e lembraremos de você todos os dias. Apenas continuaremos vivendo no mundo das criaturas e você estará vivendo no mundo do Criador.

Seu nome sempre será pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
O fio não foi cortado, pois você não estará fora dos nossos pensamentos, mas apenas fora de nossas vistas.






Temos a certeza de que a senhora não está longe, apenas está do outro lado do caminho, para onde todos nós um dia também atravessaremos.
Somos gratos à sua vida, que tantas vidas gerou e inspirou, numa silenciosa mensagem de amor e doação; reconhecemos o seu nobre desprendimento, e marcamos para sempre o seu nome em nossos corações com a saudade e seu exemplo de vida.


Madrinha, ao tempo em que a tristeza reveste nossas vidas com seu manto, também nos alegramos porque temos a certeza de que agora você viverá plenamente.



 
Não posso deixar de falar no  meu avô e padrinho Areolino que hoje, assim como a madrinha, descansa junto ao Criador.



A sua vida foi uma missão aqui na terra. De agora em diante, será uma mistura de falta e presença, falta porque não podemos mais lhe ver, e presença porque podemos lhe sentir em nossos corações.

Para nós que cremos em Deus, a morte é cheia de vida, pois morre a noite para nascer o dia, morre a semente para nascer a flor, morre o homem para o mundo e nasce para Deus.


Meu avô viveu, lutou, criou... Foi breve sua despedida, teve uma morte serena como a de um santo, após saber da sua missão cumprida.



Mas viverá para sempre nos seus filhos, netos, parentes e amigos. Nenhum de nós há de seguir confuso nos trilhos da vida por falta dos conselhos que ele nos deu.

 Seu corpo permanece nesta terra, mas a sua alma, com certeza, está no Céu...
A dor da perda, só não é maior do que a lembrança de suas virtudes e exemplos que ele nos deixou.
O Céu é lugar dos justos e bons... Por isso Deus o chamou.
O Pó que é da terra, à terra voltou... Seu espírito de Deus, com Deus está.
A saudade que sentimos agora é porque nós os amamos e o amor transcende o espaço e o tempo, não se limita ao contato físico, torna-se parte de nós, impregnando nosso espírito e nossa alma, confortando-nos em dias difíceis.


Meu avô e padrinho era um homem bom e simples. Vivia para a sua família, com a força da simplicidade, sem rapapés refinados, nem frases de bom português. Gostava de conversar, contar histórias, adorava se vangloriar sobre a “matuteza” dos netos que viviam na cidade.
Se um de nós retrucasse: “mas Padrim eu sou formado!”, ele perguntava: “mas sabe tirar o couro dum bode?”.

Durante sua vida, percebeu que a maior herança que poderia deixar era a retidão moral e o respeito à família. Morreu orgulhoso de ter todos os seus filhos por perto, nenhum se desgarrou. Na casa do Seu Areolino, nunca faltou comida, remédio, nem café no bule.
Mas a Morte é inevitável, pega a gente de surpresa. Muitos sonhos, planos que de repente são interrompidos, mas agora serão concretizados com o auxílio de Deus, pois ele está no colo do Pai intercedendo por todos nós que aqui ficamos na terra.

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.


Aqueles que amamos nunca morrem…
Apenas partem…
… Antes de nós!!!
Descansem em paz.

domingo, 20 de março de 2016

O TROMPETE AZUL VENCEU

Recentemente li (site Precisava Escrever) uma resenha muito boa sobre a série HOW I MET YOUR MOTHER.


Esta série gira em torno da vida de Ted e dos seus amigos, que é narrada pelo próprio aos seus filhos, 25 anos mais tarde, onde ele conta as histórias e peripécias que o levaram a conhecer a mãe deles.

Em 2005, aos 27 anos, o jovem Ted Mosby, após o seu melhor amigo Marshall  ficar noivo, decide finalmente ir em busca da sua cara-metade. 


Com gestos românticos questionáveis, Ted conhece Robin no bar que costumavam frequentar, Maclaren's Pub. 



Após uma série de eventos Robin passa a pertencer ao grupo de amigos de Ted: Barney, Marshall e sua noiva, Lily que namoram desde o primeiro ano da faculdade.

O que mais me chamou a atenção na leitura foi o destaque para o diferencial que fez com que a série (HIMYM ) se desprenda do perfeccionismo de ficção e se torne um aprendizado de vida, algo real.

Durante a referida leitura eu lembrei do filme QUESTÃO DE TEMPO:"Será que ao observarmos o dia a dia, já não teríamos motivos suficientes para prosseguirmos?". Questão de Tempo ensina preciosas lições de moral: viva cada momento como se fosse o último, aprecie as menores coisas da vida e não será necessário refazer nada.


Nessa mesma linha tem um clássico do cinema FEITIÇO DO TEMPO, em que o protagonista Phil, personagem de Bill Murray se sente preso ao próprio destino,cumpre sua rotina sem prazer até que fica preso nas engrenagens dos seus dias e tem que voltar ao que não fez bem feito até que aprenda. 


O próprio Phil  só consegue se libertar do ciclo de repetições quando ele descobre que naquela cidade que ele tanto odiava ter de ir todos os anos, havia muitas coisas que ele nunca prestara atenção,e só começou a percebê-las quando ficou preso no tempo.


Através das repetições observamos o quanto somos prisioneiros de cada dia que deixamos de viver, e que a única forma de nos libertarmos é fazendo de cada dia o melhor de nossas vidas.
Isto parece ser fácil na teoria, mas na prática todos nós sabemos quanto esforço temos que fazer quando a vida, a rotina se torna pesada.


Há um aprendizado importante quando o "destino" parece não nos deixar muitas opções em relação ao que fazer, e que, portanto só podemos escolher "como" fazer. 


Estamos a todo o momento fazendo escolhas, entendendo que nossa responsabilidade não está apenas nas nossas limitações, mas também num âmbito mais coletivo, onde minhas atitudes podem alterar, piorar, ou melhorar a vida do outro. 
E é neste aspecto que Phil muda e se transforma surpreendentemente.




FEITIÇO DO TEMPO é um clássico, pura poesia:



Esta Declaração de amor que o Phil faz para a Rita prova isso:

- "A primeira vez que eu a vi, algo me aconteceu.
Eu sabia que queria abraçá-la o mais apertado que podia,
eu não mereço alguém como você, mas se eu pudesse,
eu juro que eu a amaria pelo resto da minha vida.
Não importa o que aconteça, amanhã ou até o restante de minha vida, eu sou feliz agora porque eu te amo.”

Bem,voltemos a série HOW I MET YOUR MOTHER 

Sobre a temporada, acho que as pessoas não entenderam muito bem o que foi feito. O final de semana do casamento foi a forma encontrada de reunir todos personagens e de relembrar e homenagear tudo que foi vivido. Concordo que se tornou monótono em alguns momentos, mas com certeza teve episódios realmente muito bons e resgatou quase tudo que se passou nos anos anteriores.

Sobre o episódio final, percebo que as críticas vem de pessoas que, na minha opinião, criam expectativas falsas do que seria o próprio seriado. Fiquei impressionado com a forma realista que os roteiristas trataram a trama desde o início, especialmente nesse último capítulo.

Sabe, acho que a vida é mesmo assim. É bem provável que você não vá casar com o amor da sua vida, talvez vá ter que viver longe de quem você ama, talvez terá que escolher entre o seu sucesso profissional ou o da sua esposa, talvez será um solteirão até os 40 anos, talvez tenha uma filha com uma mulher que você mal sabe o nome, talvez tenha problemas de relacionamento com o seu pai, talvez sonhe em ser um arquiteto renomado e se descubra um professor ou, talvez, vá esperar anos para conhecer um grande amor e perdê-lo um tempo depois com uma doença terminal.

É assim que a vida é, e “How I Met Your Mother” soube, como poucos, retratar tudo isso com uma mistura de comédia e drama que vi raras vezes ser conduzida com tanta habilidade. O desfecho final foi simplesmente impressionante. Marsh e Lily constituíram uma família perfeita, cheia de amor e bem estruturada financeiramente, exatamente como mereciam.

Barney voltou a ser “Barney”, e pediu pelo amor de Deus para que nós, seus fãs, o deixássemos ser assim. Aquele personagem das últimas temporadas não era ele. A maioria de nós nasce para ter um grande amor, uma família, uma vida controlada. Com ele não. Ele tentou mudar, mas não aconteceu. Trata-se do anti-herói, o ponto fora da curva. E foi justamente por isso, e pelo talento e carisma extraordinário do ator, que esse personagem foi quem por inúmeras vezes segurou o seriado nas costas.

Todas as vezes que a trama sentimental deixava a desejar, lá estava o lendário, como seu terno impecável, a postura moral questionável e o copo em um das mãos, nos fazendo chorar de rir. E é assim que vou me lembrar dele. Barney realmente se apaixonou por Robin e, alguns, quiseram acreditar que esse sentimento seria forte o suficiente para mudar sua essência. Não foi.

Talvez a filha seja. Definitivamente trata-se de um tipo de amor que tem esse poder.  Infelizmente não teremos a chance de comprovar. Robin realizou o seu sonho, o que se propôs a fazer desde que chegou a Nova Iorque. Tornou-se uma apresentadora famosa e conheceu o mundo. Nunca soube muito bem lidar com os próprios sentimentos e com sua impulsividade e, por isso, teve que colher os frutos da vida que escolheu.


Ela alcançou o sucesso profissional, mas foi obrigada a conviver com a solidão e o remorso. Para finalizar, falar de Ted Mosby, para mim, é muito fácil. Minha identificação com ele é imensa desde que vi o primeiro episódio da série. Por todos esses anos imaginei dezenas de finais, mas nunca consegui pensar em algo tão “Ted”.

A descrição de Lily foi perfeita: “o coração mais resistente que já conheci.” O cara que tem os pais separados, que é deixado no altar, que, muitas vezes, se sente frustrado profissionalmente, que perde o amor da sua vida para um dos seus melhores amigos, que encontra um grande amor e vê essa mulher adoecer nos seus braços.


Um cara que passa por tudo isso e, ainda assim, consegue acreditar na vida e na felicidade. Um cara de índole e conduta intocáveis. O amigo que todos gostariam de ter. Um cara que, um dia, reuniu os filhos na sala de casa e contou a história da sua vida, não só para que eles soubessem a forma com que os seus pais se apaixonaram, mas também para pedi-los permissão para que pudesse, finalmente, correr atrás da mulher que sempre amou.

Como condenar isso? Simplesmente fenomenal. Saída genial para quebrar aquela célebre frase dita no final do primeiro episódio: “Essa é a história de como conheci sua tia Robin”.

Entenda-se, essa é a história do dia que conheci a mulher que eu sempre amei. E isso não quer dizer que Ted não tenha amado a mãe das crianças. Claro que amou. Que atire a primeira pedra quem só teve um amor na vida. E outra, como não se apaixonar por uma mulher daquela? Ela era tudo que o Ted sempre quis e mereceu. Feliz combinação de atriz e personagem.
Mas a vida é cheia de surpresas e, quis o destino, variável inclusive sempre muito atuante no seriado, que ela partisse cedo demais. Eu seria o primeiro a condenar a história caso Ted tivesse fugido com a Robin na véspera do casamento com Barney ou divorciado da Sra. Mosby para ficar com ela, mas isso não seria o Ted e, sendo assim, jamais aconteceria.

Aplaudo a forma sutil e habilidosa que o seriado retratou a morte da mãe. Realmente vibrei muito com a cena final do seriado. Tributo, ao meu ver, mais que merecido ao primeiro capítulo, o melhor de toda a série. Tudo se torna ainda mais genial pelo fato da cena dos filhos ter sido gravada há muitos anos atrás. Ou seja, não foi algo que os autores arrependeram e voltaram atrás na última hora.

Era algo que eles sempre planejaram e, mesmo assim, fizeram tudo que fizeram. Incrível! Para mim sempre foi Ted e Robin. A mulher que ele viu do outro lado do bar e soube naquele exato momento que seria a mulher da sua vida. E foi. Confesso que já tinha me dado por vencido e desacreditado nessa reviravolta. Sinceramente, quem não vibrou com aquele fim, precisa rever o seriado inteiro.

O trompete azul venceu. O final feliz que já tinha desistido de ver e que o destino trouxe de presente mais uma vez. Arrepiante. Inesquecível.

Por fim, fica a mensagem do seriado clara: As vezes procuramos a felicidade como um fim que nunca iremos alcançar, e não percebemos que esbarramos com ela milhares de vezes pelo caminho. Talvez o melhor dia da sua vida seja o dia do seu casamento, o dia do nascimento da sua filha ou o dia que conhecer seu grande amor. Pode ser....

....Mas talvez seja apenas uma noite como tantas outras, sentado em um bar, rindo com seus melhores amigos.

Acho que é disso que sentiremos saudade quando sentarmos para contar histórias para nossos filhos.