domingo, 7 de agosto de 2016

STRANGER THINGS: UMA CARTA DE AMOR AOS ANOS 1980

Vasculhando a Net senti uma perturbação na força com uma nova série que chegou causando muito burburinho, visto isso comecei a ler as criticas e terminei fazendo uma maratona  para devorar a primeira temporada.


Stranger Things conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha.

Apesar da série não ter uma identidade própria, o clima de nostalgia nos teletransporta para os anos 80 (Não parece, mas sou desse tempo) e nos faz relembrar muita coisa boa que rolava naquela época: ET, Conta Comigo, Poltergeist, Alien e Os Goonies são algumas produções que influenciam a Série.

Nesse quesito a Série é muito legal, pois relembramos as roupas, cabelos e aparelhos daquele tempo, sem falar o que os anos 80 representa culturalmente para a ficção e a fantasia. Inevitavelmente, Spielberg é um nome muito presente na essência da série, que passeia por pitadas de Stephen King, de filmes de horror como A Hora do Pesadelo e de tudo que representa a "existência paralela" dos jogos de RPG.

Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi as referências ao Clássico baseado na obra de Stephen King, o filme Conta Comigo (me marcou muito). A amizade infantil toma o centro da história de uma forma completamente orgânica, possibilitando que discussões mais sérias a respeito do quanto conhecem uns aos outros e do quanto a amizade de fato significa transmitam questionamentos universais através da ficção científica.

A trama começa quando o pequeno Will (Noah Schnapp) desaparece após mais uma partida de RPG com os amigos Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin). Os quatro garotos já não são mais crianças, mas ainda não adentraram aquela adolescência cínica que mata parte da ligação com o lúdico.

Eles se envolvem imensamente no mundo paralelo que criam em cada noite de jogos, por isso os eventos que se seguirão ao desaparecimento de Will exercerão na vida deles aquele papel clássico dos protagonistas de Spielberg: a transição do nerd perdedor para o herói.

Ao mesmo tempo em que Will desaparece, uma menina chamada Eleven (Millie Bobby Brown) foge de uma espécie de laboratório de experimentos e cruza o caminho dos garotos. 

Ela é o grande elemento que unirá os quatro na luta para encontrarem o amigo desaparecido. Se em E.T. é a própria criatura quem tem os dons sobrenaturais para servir como deus ex machina nas horas de aperto, em Stranger Things o papel se transfere para Eleven, que literalmente salva os meninos de várias enrascadas provocadas por esse imprudente senso de heroísmo , ao mesmo tempo em que é escondida por eles (da mesma forma que Elliot  fazia com seu amigo extraterrestre).

Os elementos de horror das obras de Stephen King, por exemplo, também ajudam a compor o quadro. Isso vai desde o título dos episódios até o uso do clássico "suspense de criatura" tão típico das histórias do autor. 

Tudo em Stranger Things é uma referência direta, assumida. Dos filmes citados aos que são transcritos, da fonte usada na logomarca até a trilha sonora incidental. O mais impressionante, contudo, é ver como os criadores, os iniciantes irmãos Duffer Matt e Ross, conseguem juntar tudo isso de modo coeso, elegante e eficiente.

O elenco infantil é o ponto mais forte da série. A impressão é a de que cada um dos meninos foi sugado de um dos "mundos invertidos" onde toda criança tem uma capacidade impressionante de atuar. 

Basta uma cena e a química entre o quarteto se estabelece completamente.  Bastam dois episódios e você já torce por aqueles amigos, já ri com eles, já se arrepia com cada citação a Stars Wars e se comove com cada abraço, lágrima ou vitória.

Stranger Things chegou se anunciando como uma carta de amor aos anos 1980, e as referências são promessa cumprida. É fácil se perder nas alusões e lembrar dos filmes que marcaram a época, principalmente os meios-de-carreira de Steven Spielberg. Com uma ambientação que remete à inocência perdida de uma década que já se foi, a nova série da Netflix aposta na nostalgia para conquistar o seu público.
  
Stranger Things promete, e como estamos órfãos de GOT só nos resta conferir.


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