quinta-feira, 7 de julho de 2011

FILME NA AULA DE HISTÓRIA: A GUERRA DO FOGO

Devido às divagações cinematográficas dessa semana (confira aqui), resolvi postar aqui alguns filmes que estou trabalhando com meus alunos, comecei pelo terceiro ano (confira aqui), depois o segundo ano (confira aqui) e hoje vou falar um pouco do filme A Guerra do Fogo, que trabalhei com os alunos do primeiro ano. Não é fácil trabalhar esse filme em sala de aula, pois como se passa na “pré-história” o filme não apresenta diálogos e a única linguagem que se vê são as ações dos personagens, gritos, grunhidos e linguagem corporal.

Uma das maiores dificuldades do conteúdo “pré-história” é estimular o recuo imaginário à um tempo absurdamente remoto. Como ilustrar a pedra lascada como um avanço tecnológico? Não tem jeito, só dispomos desse filme, ele é o maior e único clássico do cinema sobre o assunto. Fiquei animado diante da superprodução 10 000 a.C, não deu. Tem também 2001, Uma Odisséia no Espaço e Planeta dos Macacos, mas também não se encaixam muito bem. Falando em Planeta dos Macacos, eu fui conferir a superprodução (Muito bom o filme).

Pois bem, vamos a um breve resumo do filme. Lançado em 1981, é um longa que trata de levantar hipóteses sobre a origem da linguagem através da busca de três homo sapiens para conseguirem uma nova fonte de fogo perdida por sua tribo. Só lembrando que o fogo é um elemento primordial para a sobrevivência da tribo: fornece calor, protege de predadores, prepara os alimentos, chega a ser divino e tenebroso para eles.

O roteiro é assinado por Anthony Burguess, foneticista e consagrado autor do livro Laranja Mecânica. Burguess faz crível as adaptações e linguagens usadas por aqueles hominídeos além de fazer compreensível toda uma história recheada de grunhidos, mamutes mal-acabados e situações que, aos nossos olhos de hoje, não parecem mais que absurdas.

A jornada desses guerreiros em busca do fogo é emocionante: há a cena em que um deles taca uma pesada pedra no outro e todos - inclusive o apedrejado, com a cabeça sangrando - têm um ataque de riso. É clássica ainda a cena em que algumas fêmeas ancestrais vão refrescar a garganta num riacho e uma delas, ali acocorada, é surpreendida sexualmente por um macho das cavernas. Bem, digo surpreendida por falta de palavra melhor, já que a tal fêmea não parece muito surpresa.

Destacamos a sensibilidade com que o filme trata um tema tão complicado, onde povoam ainda poucas certezas e muitas teorias. Como cinema, revela, dentro da simplicidade da produção, uma narrativa poderosa onde, sem dúvidas, nos identificamos como seres dotados de grande capacidade de adaptação e cujo tempo parece tornar sempre mais intrigantes. A guerra do fogo é um filme que está relacionado com o olhar e a perspectiva de quem assiste. São infinitas as possibilidades de leitura desse filme. 

Através do filme trabalhamos, por exemplo, a reconstrução dos gestos, do vestuário, do vocabulário, da arquitetura e dos costumes desta época.
Sendo um filme histórico, A Guerra do Fogo é uma representação do passado, e portanto um discurso sobre o mesmo e como tal, está imbuído de subjetividade.

Enfim, o filme ilustra como foram as primeiras tentativas para se chegar ao ponto em que a humanidade atual chegou.

12 comentários:

  1. Pádua, não conheço você, mas venho aqui te parabenizar pela iniciativa de fazer uma resenha sobre esse filme, que realmente continua sendo a nossa melhor opção em audiovisual para tratar da pré-história! O filme é fantástico e sua resenha faz jus a ele!!

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  2. Você sabe de algum site em que eu possa assistir esse filme?(de preferencia que não seja download,mas se só tiver)

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    1. Eu gosto muito desse sitio (http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/divirta-estudando/70-filmes-para-voce-estudar-historia/) ... Abçs

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  3. Oi, você acha que ele pode ser passado para alunos do 6º ano?

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  4. Filme muito bom. Parece que hoje a indústria do cinema não tem mais a capacidade de fazer filmes simples, que valorizem mais o intelectual do que o visual. Pena que é o único que explora a temática da pré-história sem os artificialismos da computação gráfica. Na escola que trabalho ele é exibido sem edição, nas aulas de História do Ensino Médio. Porém, quando se trata de Ensino Fundamental, acho que deve ser editado e fazerem cortes em algumas cenas. O que você, acha?

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    1. Eu sempre utilizei em minhas aulas no Ensino Médio, mas concordo com você, dependo do enfoque seria aconselhável cortar algumas cenas ...; Abçs

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  5. Oi sera que você sabe de algum lugar onde eu possa baixar o filme editado sem a cena de sexo, queria passar para o 6 ano, já assisti e sem edição não dá.

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    1. Oi Janaina, Não consegui encontrar o filme editado... Aconselho que vc assista e marque as cenas inadequadas ... E quando for exibir para os seus alunos vc minimize a imagem e avance só retornando a exibição depois das cenas terem sido avançadas ... Abçs e Obrigado pela visita

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