terça-feira, 12 de agosto de 2014

A FORÇA ESTÁ SEMPRE COM VOCÊ

Hoje resolvi falar sobre dois filmes que vi recentemente: Planeta dos Macacos: O Confronto e Guardiões da Galáxia. O segundo filme da franquia Planeta dos Macacos já era aguardado (veja aqui). Ambos me chamaram a atenção para o fato de como ao longo da vida todos nós sofremos perdas e como cada ser humano reage de maneira diferente sobre tal fato.
Durante muitos anos em minha vida eu acreditei que ao perdemos tudo que temos um recomeço seria praticamente impossível, porque diante de tal circunstancia a fé em nós mesmos se esvai, assim passamos a acreditar que nada mais vale a pena e procuramos apenas viver por viver, sem esperança  e sem expectativas.

O fato é que passamos a vida inteira perdendo coisas. Não que a gente não ganhe nada em troca, pelo contrário, as vezes o que vem é até melhor do que aquilo que se foi. Mas isso não diminui os buracos que não podem ser substituídos das coisas indispensáveis que já não estão mais aqui. Perdemos porque precisamos aprender. Nenhuma lição é melhor que a da perda. Lembro até hoje o dia que perdi o meu colar do poder (Era um cordão que acompanhava o relógio Yankee Street na década de 90... Que fez muito sucesso, vinha dentro de um estojo de lata. Na época eu não tinha grana pra comprar um, com muito sacrifício comprei só o colar de um amigo ostentador que não quis e me vendeu) ...  Mas isso é outra história.

 




Quando a gente cresce a gente perde a vontade de brincar. A gente perde grande parte da nossa inocência. A gente deixa de acreditar em Papai Noel e Coelhinho. Descobrimos que nossos pais podem ser mais velhos, mas nem sempre são mais fortes e perdemos a imagem de super-heróis que lhes entregamos desde que nascemos. Perdemos
nossos brinquedos, perdemos nossa felicidade simples, nosso riso fácil, nossa falta de problemas.

Mas aos poucos fui percebendo que é possível recomeçar, se e somente se, encontrarmos algo ou alguém que nos faça ver beleza onde antes só víamos cinzas. Mas principalmente se ao invés de ficarmos martelando a pergunta POR QUE?
Perguntarmos PARA QUE?
Esses dois filmes nos faz refletir sobre isso. Planeta dos Macaco é um filme apocalíptico, e eu que acompanhei a série original ficava me perguntando, como a humanidade reagiria se de repente perdêssemos tudo, como ficaríamos sem ter mais nada? E agora nesse segundo filme tantos os macacos, como os humanos, nos mostram que é possível recomeçar, reconstruir o lar e formar famílias e sonhar com uma nova sociedade.

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Planeta dos Macacos: O Confronto se inicia com uma breve recapitulação, feita com cenas de telejornais, para mostrar como o vírus da “gripe símia” dizimou a maior parte da população humana do mundo. Quando essa breve cena se encerra, se passarão entre 10 a 15 minutos de filme até que outra voz humana seja ouvida de novo. Durante todo esse tempo mergulhamos num novo mundo, aquele agora dominado pelos novos donos do seu ambiente, os macacos inteligentes governados por Cesar.
Ambientado alguns anos depois do final de Planeta dos Macacos: A Origem (2011), agora a sociedade símia já se comunica via sinais e por uma versão rudimentar da fala.

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É essencial para a série Planeta dos Macacos a ideia de que o homem é, ou será, o grande causador da sua própria destruição. Essa noção governava também o filme anterior. No entanto, O Confronto adiciona uma nova camada a esse problema: aqui o maior vilão é o macaco, enquanto os humanos agora apenas reagem, com medo e desproporção, em relação ao que veem. Koba é o grande antagonista do filme, mas não é um vilão raso, sem fundamento. Afinal, depois de tudo que viu e passou nas mãos dos humanos, quem pode culpa-lo por temê-los? O personagem se torna mais fascinante ainda por também conseguir manipular os humanos, como nas cenas em que finge ser um macaco bobo.



É um oponente à altura de Cesar, o verdadeiro astro e protagonista do filme, como, aliás, já era desde o anterior ... Como já falei aqui  sempre vi o César como uma espécie de Che Guevara dos símios, já que para muitos, ambos representam a rebeldia, a luta contra a injustiça e o espírito incorruptível. Chega a ser impressionante, mais até do que no longa anterior, como Cesar consegue se impor frente ao elenco humano e expressar emoções no seu rosto e no seu olhar.

E ao longo da narrativa, Cesar é quem passa por um arco: ao final o líder símio reconhece que naquele universo o medo e os preconceitos podem ser mais fortes que a razão. Como de praxe na franquia, em Planeta dos Macacos: O Confronto, macacos e humanos não se entendem . O filme transmite essa ideia, da dificuldade do entendimento, em meio à sua trama fantasiosa e em meio às cenas – muito legais – de macacos cavalgando e disparando metralhadoras. Ele satisfaz à criança dentro de nós e
também discute um tema adulto, cada vez mais importante no nosso mundo repleto de conflitos.

Guardiões da Galáxia segue a mesma linha, seres totalmente diferentes, cinco "Zé Ruelas" em uma galáxia distante são forçados a juntar forças para fugir da prisão. Todos perderam tudo que amavam, viviam inundados em ódio, mas diante das circunstâncias resolvem se unir contra um inimigo em comum e de repente se vêem esperançosos, e descobrindo a beleza da musica da vida.

Guardiões da Galáxia foca no encontro de um grupo de personagens que sofreram grandes perdas ou que passaram por grandes sofrimentos formado por Peter Quill, vulgo Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket e Groot.
Ao criarem uma grande confusão no planeta Xandar, eles são presos e lá acabam conhecendo Drax, que teve sua mulher e filho mortos por Ronan. É na tentativa de fugir da prisão que o grupo acaba se unindo, mas jamais proclamando-se como Guardiões de alguma coisa… A grande verdade é que todos estão atrás é de vender o orbe, com exceção
de Drax, que deseja cegamente vingar-se do algoz de sua família. Essa é a trama básica do excelente longa.

Um aspecto que merece destaque é a trilha sonora espetacular, composta basicamente por clássicos dos anos 70 e 80 tocados no walkman do Senhor das Estrelas. Isso mesmo, a despeito de toda tecnologia vista no longa, Quill possui um walkman que guarda consigo desde a época em que foi abduzido da Terra, em 1988.


Quantos filmes bons já passaram por aqui (bom) (bom) (O 2 promete) (Ansioso pela sequencia) (bom) (deixou saudades)








segunda-feira, 16 de junho de 2014

Guest post:19 coisas que eu queria que tivessem me dito antes dos 20 anos

Zapeando a rede encontrei esse post, muito interessante.

Você pode conferi-lo na integra (aqui )

Um poema-lista para garotas trabalhadoras que procuram crescer e se encontrar.

1. Tudo bem abandonar qualquer pessoa, qualquer coisa e qualquer lugar que façam você se sentir uma merda. É difícil, mas tudo bem. E nem se dê ao trabalho de explicar nada para ninguém, a não ser que você queira. Deixe que fiquem pasmos, sem saber o que aconteceu.

2. Saiba quem você é. Não só por fora, de algum jeito emocional, sentimental, tipo “você é linda por dentro”, mas saber quem você é — racialmente, culturalmente, em relação com sua sexualidade, seu gênero e sua classe social — é uma fonte de seu poder. É você quem define isso para você mesma. Nunca deixe qualquer outra pessoa lhe dizer quem você é. Isso pode mudar com o tempo, à medida que você amadurece e aprende mais. Tudo bem. Administre qualquer vergonha ou culpa que você possa sentir, assumindo a responsabilidade por seus atos.

3. Assuma a responsabilidade pelo que você faz. Isso significa reconhecer quando você pisa na bola, tanto quanto defender e ser dona do espaço contestado que você ocupa. Você vai pisar na bola, e apenas você mesma pode procurar reparar seus erros. Você vai precisar se defender, e raramente alguém vai se encarregar disso em seu lugar. É igualmente importante reconhecer seus erros e seus direitos.

4. Vão chamá-la de louca. Você é mulher. Não há como passar pelo mundo no momento em que vivemos sem ser chamada de louca por alguém. E normalmente isso vem justamente da pessoa que você gostaria que a enxergasse como alguém que tem totalmente a cabeça no lugar. Você não é louca. O mundo é louco. Se você é afetada por este mundo injusto, desequilibrado, isso só prova que você é um ser senciente, dotado de sentimento de empatia.

5. A empatia se constrói. Você precisa aprender a ouvir de verdade. Ou seja, ouvir sem ficar pensando no que isso tem a ver com você, nem ficar planejando a próxima coisa que você vai falar. Isso significa enxergar todo o mundo, independentemente de quem for, como um ser humano. Você não será um ser humano de verdade sem enxergar todo o mundo como tal, mesmo seus maiores inimigos e os piores criminosos. Todas nossas feridas vêm de algum lugar — as suas e as de todas as outras pessoas. Aprenda a ouvir os outros. Aprenda a se ouvir. Não pode haver empatia sem primeiro ouvir de verdade, profundamente.

6. Você vai viver momentos insuportáveis de dor. Aprender a curar suas feridas leva tempo. E, às vezes, ficam cicatrizes. Muitas vezes, a cura é incompleta. Pense em suas cicatrizes como sendo de feridas sofridas na batalha, provas de o quanto você agora é mais sábia, mapas dos lugares para onde você não quer mais voltar. Valorize essas cicatrizes, respeite-as. Haverá momentos em que elas serão a única coisa que a lembrará de onde você já esteve e do quanto ainda falta para você crescer.

7. Você terá momentos insuportáveis de solidão. Você precisa aprender a adorar estar consigo mesma, porque em última análise ninguém tem o potencial de amá-la como você pode se amar. É lindo amar e ser amada, mas esses são apenas indícios de como você deve se enxergar. Se você se enxergar como alguém de valor e aprender a converter o sentimento de solidão em um estar sozinha tranquilo, que acalma, será capaz de dar e receber amor realmente transformador.

8. Encontre alguma coisa que a faça sentir que o mundo faz sentido, mesmo que não consiga justificar essa coisa intelectualmente a você mesma ou a qualquer outra pessoa. No meu caso, se eu não me levanto da cama, não transo, não saio para dançar, não leio um bom livro, não escrevo um poema, não ouço um disco que acho o máximo ou não tenho uma conversa realmente profunda e satisfatória pelo menos uma vez por semana, o mundo não faz sentido para mim e eu me sinto solta, sem raízes. Se passo um mês sem essas coisas, viro uma catástrofe total, inconsolável, incompreensível. Essa catástrofe pode facilmente se converter em bola de neve e levar a vários tipos de autodestruição. Encontre o que funciona bem para você e seja leal a essas coisas, para ser leal a você mesma.

9. O mundo que você habita está doente. Essa doença penetra em todos nós, e em muitas pessoas se manifesta como uma incapacidade de amar a si mesma, o que dirá a outras. Algumas das pessoas que sofrem uma forma parasítica dessa doença vão grudar em você, fazendo você de hospedeira. Você pode achar que faz parte de sua natureza ser “doadora” e dar apoio interminavelmente. Essas pessoas vão consumir seu amor por inteiro, vão consumir você junto e deixá-la como uma casca oca. Você pode voltar a crescer a partir dessa casca, mas será sofrido, e é preciso tempo e experiência de traição e coração partido para aprender a confiar suficientemente em você mesma para determinar quem é ou não digno de sua confiança. Não deixe que ninguém a controle. Apenas ande com aqueles que quiserem caminhar com você, lado a lado, como iguais.

10. Não transe com pessoas que não priorizarem o seu prazer. Isso pode parecer muitas coisas diferentes, e você provavelmente ainda está aprendendo o que é seu prazer. Não tolere amantes que não lhe derem espaço para explorar, para expressar, e, sobretudo, se ele quiser apenas te usar como recipiente para ele chegar ao seu próprio prazer. Caia fora. Isso não quer dizer que você deve ignorar o prazer de seu parceiro, mas que deve enxergar o seu prazer como tendo valor igual.

11. Você não é responsável pelas ações daqueles que odeiam tanto a si mesmos que feriram você de propósito.

12. O coletivismo é um conceito belo e é algo pelo qual vale a pena lutar e construir. O coletivismo mudou radicalmente e desafiou estruturas e instituições injustas. Mas, se você sacrificar sua própria sobrevivência pelo bem do todo, vai acabar se arrependendo, questionando o sentido de sua vida e duvidando do valor de outros, em vista do egoísmo aberto deles. Encontre um meio-termo.

13. Não carregue nas costas pessoas fracas que não passaram por um processo de reconstrução de si.

14. Você não é seu emprego. Seu emprego é um salário, só isso, e é provável que você não receba quanto vale, e isso não é sua culpa: você herdou um sistema econômico falido e não será a primeira geração a lutar pelo direito de viver. Mas você precisa lutar pelo direito de viver em solidariedade com as pessoas à sua volta que também estão lutando.

15. Fazer faculdade é uma conquista. Mas não é algo que faça de você uma pessoa melhor que qualquer outra. Não torna você essencialmente mais inteligente. Você nunca vai conseguir “sair” realmente de onde veio e nunca vai conseguir “ingressar” realmente onde aspira.

16. Se você não conseguir traduzir de volta para o lugar de onde veio qualquer coisa que tenha aprendido com o acesso que teve, então você não terá conquistado nada — só terá mudado. A assimilação é uma escolha. Procure ser tradutora. Procure compartilhar seu acesso com as pessoas que talvez você tenha deixado para trás. Procure revolucionar as estruturas que nos ensinam que aqueles que conquistam mais acesso valem mais do que valiam quando partiram e menos do que as pessoas em cujo meio agora estão.

17. Nunca leve a validação muito a sério. Isso se aplica especialmente àquelas que crescem na era das mídias sociais. O olhar da hegemonia está sempre focado sobre nós. Encontre validação na razão entre o impacto positivo que você tem sobre você mesma e outros e na maneira como como você magoa e prejudica outros. Você vai magoar outras pessoas. Assuma a responsabilidade por isso, quando for o caso, e sempre fique atenta à frequência com que isso acontece em relação às pessoas que você ajuda a fazer amadurecer. Nenhuma de nós pode ser santa, mas podemos ser relevantes e sencientes.

18. Leve sua luta para sua comunidade, e encontre uma comunidade em cujas lutas você possa intervir. É apenas em comunidade que vamos encontrar sentido neste mundo destruído e sua ideologia corrupta, que herdamos. Lute. Lute. Lute.

19. Você é inerentemente valiosa. Você tem valor. Não peça autorização a ninguém para isso.


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Guest post: MATRIX E O CAPITALISMO

Recentemente encontrei um vídeo muito legal sobre o filme Matrix, tanto o vídeo como o texto foram escritos por RINALDO MARTINS DE OLIVEIRA.

Me emocionou a imagem da freira Dorothy Stang 

VAMOS AO VÍDEO:



E AO TEXTO:

No meu ponto de vista, o primeiro filme “Matrix” é um rico apanhado de críticas e denúncias sutis à vida ilusória e escrava que todos nós levamos neste mundo dominado pelo capitalismo, ou mais precisamente, pela cultura capitalística. Lembrarei algumas passagens do mesmo, dando-me o direito de imprimir, aqui e ali, o meu juízo de valor, para que, quem assim desejar, possa buscar uma reflexão na analogia.

No filme, exceto alguns homens e mulheres rebelados e livres, todos os demais vivem em cativeiro, desde o nascimento até a morte, dentro de uma redoma individual, em sono permanente, encobertos de líquido gelatinoso e fios condutores ligados em todo o corpo sugando suas energias. Há um cabo central, acoplado à nuca de cada um, transmitindo informações sensitivas diretamente ao cérebro, a partir de um programa central - a chamada Matrix - dando a falsa impressão de que se vive uma vida normal, quando, na verdade, tudo não passa de uma simulação virtual.

Este é o mundo dominado pelas máquinas que, há duzentos anos, alcançando inteligência própria, disputaram o poder com a raça humana e venceram, desde então “cultivando” os homens para lhes servirem como pilhas abastecedoras, até o esgotamento e descarte.

A história gira em torno do personagem chamado Neo que é um comportado funcionário de empresa mas que, nas horas livres, é hacker viajando ilegalmente pelo mundo da virtualidade.

Neo sente algo muito estranho em sua vida e ao seu redor, como se tudo não passasse de um sonho. Na realidade, tal como quase todos os demais seres humanos, ele também está preso e escravizado mental e corporalmente pelas máquinas. Mas ao contrário de todos, tem a intuição acima que lhe traz desconforto e conflito interno contínuo.

Por conta disso, uma pessoa chamada Morpheus - outro importante personagem do filme - aparece em sua vida de forma inusitada propondo-lhe dar respostas às suas dúvidas e incertezas. Morpheus é um dos poucos homens que se libertaram da Matrix. Respeitado líder de um grupo de insurgentes que vêm procurando, há anos, o Escolhido, que conforme a profecia do “Oráculo” (um ser místico, disfarçado de dona de casa, escondido dentro do programa Matrix) viria para salvar o mundo. Morpheus acredita profundamente que Neo é esse Escolhido.

O primeiro contato pessoal entre Neo e Morpheus se dá com o acesso deste último ao mundo virtual através de um programa paralelo desenvolvido em sua nave (chamada “Nabucodonossor”). Na conversa, Morpheus mostra a Neo a realidade do mundo em que os seres humanos vivem (ou melhor, “vegetam”), escondida por trás da fachada criada pelo programa virtual: um lugar deserto, frio, em ruínas, encoberto de espessas nuvens cinzentas eletromagnéticas, vigiado por máquinas voadoras (os “sentinelas”). Isto é o que sobrou da Terra, destruída há dois séculos.

É duro para Neo aceitar ou acreditar, apesar de todas as evidências explícitas, nesta realidade e no fato de que a sua existência tem sido uma mera mentira, uma simulação, uma história fabricada. Ele tenta fugir, mas já é tarde: terá que necessariamente fazer a escolha por ingerir a pílula vermelha ou a pílula azul.

A pílula vermelha era aquela que lhe provocaria uma convulsão no seu corpo verdadeiro, capaz de fazê-lo acordar do sono inserindo-o, pela primeira vez, no mundo real, no mundo da consciência. A pílula azul faria-o esquecer de tudo o que ele até ali passou e descobriu, levando-o de volta à sua vida virtual de funcionário de empresa e comportado cidadão. Ambas as opções seriam uma decisão sem retorno.

Neo escolheu a pílula vermelha. Após ingeri-la, acaba por acordar confirmando estar dentro da redoma gelatinosa. Logo, uma máquina supervisora detecta a irregularidade, a “anomalia” e Neo, considerado como uma espécie de fruta apodrecida, é jogado ao esgoto, sendo após resgatado pelos companheiros insurgentes.

Desde então, começa a sua lenta adaptação física à vida real. “Por que meus olhos doem?”, pergunta a Morpheus, que o responde: “porque você nunca os utilizou”. A seguir começa o seu criterioso preparo mental para o retorno ao mundo virtual e o combate, sobretudo, contra os chamados “agentes”: homens de preto, frios, calculistas, muito ágeis e fortes, na verdade o anti-vírus criados pelas máquinas para proteger o seu programa Matrix.

Esta preparação de Neo consiste em desenvolver a sua capacidade de abstração da realidade, ou seja, compreender que a realidade visível, ou melhor, sensitiva, no mundo virtual não passa de uma mera aparência forjada pelo programa e que, por isso, pode ser controlada e manipulada, enfim, dominada por quem conseguir desmistificá-la por completo.

O desafio se faz muito difícil para Neo, pois não lhe basta o aprendizado de inúmeras técnicas de defesa e ataque (inseridas virtualmente na sua mente mediante outro programa desenvolvido pelos insurgentes) contra os agentes. É preciso, sobretudo, a concentração e o esvaziamento total de todos os valores enraizados no seu interior durante o seu cativeiro, para que a mente esteja absolutamente livre e capaz de ser ativada da forma correta e profunda.

Neo questiona se lhe será possível alcançar tamanha agilidade dentro do Matrix para, por exemplo, desviar, como fazem os agentes, das balas de metralhadora. Morpheus responde que a sua missão é levá-lo apenas até a porta. Terá que ser ele (Neo) sozinho, enquanto o Escolhido, a seguir adiante. Deverá alcançar um patamar de controle do programa que já não seja mais necessário sequer se movimentar para evitar ser alvejado.

É o que acaba por acontecer no final do filme quando os agentes atiram em Neo e ele pára as balas com uma das mãos e entra no corpo de um dos vilãos, explodindo-o. Os outros dois, vendo isto, fogem. Mas antes, em cena anterior, Neo é morto em confronto armado com os mesmos, o que resultaria também na sua morte real (já que a mente aniquilada no mundo virtual provocava concomitantemente a morte do corpo real). Mas, para a surpresa dos agentes e da tripulação insurgente que acompanhava a disputa pela tela dos computadores da nave, Neo ressuscita no mundo real e, por conseqüência, no mundo virtual: um fato inédito e que comprova ser ele realmente o Escolhido.

Já passada a primeira vitória, uma provocação direta às máquinas é então feita pelo Escolhido, através de telefone, no mundo virtual (o telefone é o veículo de transposição dos rebeldes entre o mundo real - a nave e o mundo virtual – o programa Matrix): que, pela primeira vez, elas também estão a sentir o medo da morte ou de voltar a serem dominadas pelos homens, seus originários criadores. Tudo porque uma ameaça real, um vírus forte e poderoso - ele mesmo: Neo - entrou no seu programa Matrix o que poderá, através disso, inclusive - e aqui a provocação se faz uma ameaça - infectar e danificar todos os demais programas em rede que lhes dão vida e autonomia.

As máquinas se preparam para a guerra. Segue a triologia.

Texto escrito por RINALDO MARTINS DE OLIVEIRA

Em 2 de março de 2008.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

“PORQUE ONDE ESTÁ O TEU TESOURO, AÍ ESTARÁ TAMBÉM O TEU CORAÇÃO”

Ultimamente tenho conversado muito com pessoas que embarcaram nesta aventura e parece haver um consenso, pelo menos por parte daqueles que já passaram pela experiência, de que a chegada de um filho trata-se de uma mudança de status radical na vida do casal. Eles dão um salto para uma nova etapa do seu desenvolvimento e avançam uma geração. É ai que você aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Diante da atual conjuntura familiar a opção por um filho nem sempre é tranquila. Ainda existe o preconceito de que uma criança necessariamente precise de um lar tradicional. Lembrei do meu pai, o seu Ademar, que ainda hoje vive no campo e não se encanta pelas “facilidades” da cidade. Se quiser ver o véi zangado fale mal do interior perto dele. Assim como meu avô, pai do meu pai, que nasceu, se criou e morreu no campo.

Penso que um filho é um milagre, é algo como a continuação de uma união verdadeira e que quando se é abençoado com tal dádiva, inaugura-se um nova família. Homem e mulher têm novos papéis a desempenhar e novas responsabilidades a assumir como pai e mãe. Deixam de ser cuidados pela geração mais velha, para serem cuidadores de uma geração mais jovem. Geração essa muito diferente da minha, pois durante minha adolescência, nos anos oitenta, como não havia Facebook, Twitter ou PS3, eu passei por essa década lendo histórias em quadrinhos de super-heróis. As revistas não só incentivavam a minha leitura, mas também alimentavam minha imaginação.

No entanto, não é somente a vida do casal que passa por transformações. Toda a família de origem também acompanha este processo. Há uma grande movimentação no campo emocional e todos mudam de status.

Neste meio tempo, surge a necessidade do casal se organizar para encarar as demandas da nova etapa.

Ouvimos normalmente as pessoas falarem sobre chá de bebê, quarto, berço e tantas outras providências práticas. No entanto, raramente ouvimos sobre as tarefas familiares que o casal tem a cumprir para ultrapassar esta etapa com sucesso e que são fundamentais para estruturar as bases do relacionamento da nova família, permitindo um desenvolvimento sadio aos seus membros. Lembrei daquelas lições deixadas por um pai : Sempre olhe para o lado bom! O copo está meio cheio, nunca meio vazio. Toda adversidade tem um lado bom, se você procurar.

Mas o fato é que não existe um manual que ensine como ser pai e como ser mãe, o que não pode é ser BABACA.
Cada um dos pais viverá, ao seu tempo e ao seu modo, a oportunidade ímpar de desenvolver este aprendizado através da construção da relação com o próprio filho. Deverão aprender a colocar limites e a exercer a autoridade necessária. O casal deverá tomar cuidado para não criticar um ao outro, ou mesmo influenciar na construção da relação que, no caso de pai e filho e mãe e filho, é tão somente a dois.
O casal deverá abrir espaço e tempo para intimidade entre as relações dois a dois: pai/filho, mãe/filho, homem/mulher, e também para o grupo pai, mãe e filho como família.

Cada um dos membros aprenderá sobre esta noção de fronteiras das relações e aprenderá a respeitar seus limites. É como se fosse uma dança que flui, individual, a dois, a três, e até em ciranda de grupo, quando estão com as famílias de origem.
Tanto o homem (pai) quanto a mulher (mãe) trazem de suas famílias de origem um modelo de educação que envolve hábitos, comportamentos, atitudes, cultura, etc. Tal bagagem pode ser boa ou ruim .... Eu sei muito bem como o ser humano pode ser cruel sem nem notar-se da maldade cometida.

Podemos dizer que este modelo que cada um traz consigo forma uma bagagem de vida, que a todo e qualquer momento deve ser revista conjuntamente, pois são muito diferentes uma da outra. 

Quando os dois conseguem perceber e aproveitar o que há de melhor em cada uma das duas bagagens para formarem uma terceira, passam a não ter mais necessidade de disputar sobre qual é aquela que educa melhor, se a do homem (pai) ou a da mulher (mãe).


E aí sim, os dois estarão construindo o modelo da sua nova família, para através da sua cumplicidade, dar o melhor e mais precioso presente para seu filho: uma referência única para que ele se sinta seguro e siga o caminho do seu desenvolvimento de maneira saudável.

Cabe aos avós passarem para uma posição secundária, de maneira a permitir que seus filhos, agora pais, exercitem a principal autoridade paterna e materna, ou seja, respeitar as fronteiras do casal, na qualidade de pais, e da nova família.

Portanto, é fundamental que o casal se organize e se adapte às novas circunstâncias desta etapa, para atingir o equilíbrio necessário ao desenvolvimento saudável da nova família. Se surgirem dificuldades, há que se buscar a orientação e os serviços de um profissional especializado.


Um filho, seja ele, bebê, criança ou adolescente, precisa de uma relação próxima e amorosa com seus pais e de limites firmes e bem colocados.     

A família é a única instituição que, durante todo o processo histórico, desde que criada, nunca desapareceu.

Entretanto, a estrutura da família mudou muito nas últimas décadas. Além disso, a maneira de se ter, cuidar e educar filhos também variaram.


Criança necessita de mimos e proteção, mas ser excessivamente mimada e superprotegida constitui um risco para o desenvolvimento, pois levará a uma estruturação frágil da personalidade.

O site UOL Apresenta cinco situações difíceis enfrentadas no dia a dia:










1ª) Pais precisam ser figuras valorizadas, até idealizadas pelo filho. Assim sendo, precisam ser pessoas completas, não apenas mamãe e papai.

2ª) É necessário que o filho seja ensinado a se colocar na família como o terceiro,  Ele precisa saber que, antes de serem seus pais, eles são marido e mulher. É um aprendizado importante para o presente e para o futuro.

3º) Exigência constante do filho, que quer ser atendido, de maneira imediata, em suas necessidades e desejos. Criança precisa aprender a lidar com frustração, a tolerar espera e a adiar satisfação de desejos. Precisa aprender a considerar os desejos e as necessidades alheias, para que possa fazer trocas afetivas com as outras pessoas.
 
4º) Convivência demasiada com adultos. Criança precisa do convívio de crianças. A indicação mais precoce da pré-escola, pode dar à criança um ambiente adequado, para que ela aprenda a dividir a atenção do adulto com outras crianças, a brincar junto, a partilhar seus brinquedos, a se impor e a ceder.

5ª) Filho se torna superprotegido pelos pais, pois todas as atenções estão voltadas exclusivamente para ele. Ele esquece um casaco, os pais levam; ele esquece um caderno, os pais levam; ele esquece a lancheira, os pais levam. Depois, os pais acham que ele é esquecido, desorganizado, etc. Faz-se necessário, às vezes, no seu esquecimento, que os pais deixem o filho arcar com as consequências da distração. Assim, ele começará a lembrar mais de suas coisas e de suas responsabilidades. Pais não são serviçais do filho.

Pois bem, pais que assumem a condição de ter um filho enfrentam situações de vida, de criação complexas, mas é natural que o filho tenha uma formação sadia, basta, apenas, alguns cuidados.

Além do mais ter filhos é uma das maiores mudanças da existência. Arranca a tranquilidade, tira a liberdade e promove as maiores alegrias que alguém pode viver. E é essa experiência irreversível que constrói o mundo que vamos deixar para o futuro.


NOVOS CASAIS

É inegável que nos últimos tempos multiplicam-se modelos de famílias.

Aquele casamento tradicional ainda reina absoluto, mas surge opções para aqueles que por algumas razões não podem embarcar no matrimônio tradicional, pelo menos a curto prazo.


Um exemplo é a nova modalidade de relacionamento que vem se instalando entre os casais, que não chega a ser um casamento, mas é mais que um simples namoro. O namoro pressupõe um tipo de relacionamento em que o casal se encontra nos finais de semana ou, mais de uma vez durante a semana, mantém contato virtual - seja por telefone, torpedos ou via internet - e se presta a curtir bons momentos e aprofundar o conhecimento sobre o outro. Geralmente a vida sexual é ativa e o acordo é de fidelidade.

Um fato inegável é que mesmo morando em casas separadas, esse novos casais pensam sempre no coletivo. O detalhe da casa é só uma forma de manter a relação longa e duradoura.


Excluindo os inevitáveis conflitos cotidianos, resta aos dois aproveitar os lucros do relacionamento. Onde não existe rotina, o namoro é constante. Entre os benefícios destaca-se a privacidade, já que morando em casas separadas não há como um invadir o espaço do outro.

Mas como nada no mundo é totalmente bom ou totalmente mau, há empecilhos de morar em casas distintas. O ruim é quando a saudade e a solidão apertam, aí num tem jeito é só ligar e se encontrar para matar a saudade.


O casamento pressupõe uma união debaixo do mesmo teto, geralmente com o objetivo de constituir uma família. Nos moldes convencionais, as pessoas se casam por interesses afetivos mútuos e fazem planos para adquirir bens materiais, crescer e amadurecer emocionalmente e ter filhos. Também pretendem garantir uma segurança sólida, trazendo conforto íntimo para ambos.



É claro que existe um sem número de variações sobre o mesmo tema, mas de modo geral, namoro e casamento ainda conservam as mesmas características e intenções há muitos anos.

Mas nem todos os casais podem seguir de inicio pelo caminho do matrimonio tradicional e a solução é buscar novas formas de relacionamento. Isso ocorre normalmente quando ambos já têm uma certa estabilidade profissional e financeira.


São casais que usualmente já passaram por algumas experiências afetivas e ao mesmo tempo estão numa idade - por volta de 30 anos - em que já traçaram planos individuais de conquistas na carreira e satisfação de desejos de consumo.


Então o que se pode fazer? O casal se dar bem mas não pode morar junto, a saída,  tem sido o cultivo de um espaço próprio para cada um - uma casa com toda a infraestrutura, ao gosto e administração próprios, com as portas abertas para o companheiro.

Desta forma, algumas vezes ou até mesmo na maior parte do tempo, um dorme na casa do outro, mas não mora lá. E ambos se sentem livres para voltar para suas casas sem que isso cause qualquer constrangimento ou impacto negativo.


Obviamente não existe receita para que relacionamento algum seja eterno, mas essa convivência pode obter sucesso se alguns preceitos básicos forem observados.


O importante é viver sem se preocupar com rótulos e aproveitar o que realmente importa em uma relação a dois: a vontade de um estar junto ao outro.