Resolvi rever o documentário RAUL
- O INICIO , O FIM E O MEIO, afinal é Rock e o filme é muito bom, cada vez que assisto eu
gosto mais, aliás filme é comigo mesmo (aqui) (aqui) (aqui) (aqui). Ao longo do documentário são apresentadas várias entrevistas, desde os
amigos de adolescência de Raul até o dentista que consertou-lhe os dentes no
fim da vida.
Uma parte que me chamou a atenção
foi o registro de até mesmo quem prefere não se pronunciar, como a primeira
esposa, Edith, que tem sua recusa registrada na tela.
Gostei da critica do Hessel,
quando diz que talvez a declaração mais importante venha da pessoa que mais
mede as suas palavras, Paulo Coelho. O escritor, parceiro de composição de Raul
na fase mística, nos anos 1970, diz que "Raul é mito" e seria,
portanto, impossível biografá-lo, porque "não se conta a história de
mitos".
Não deixa de ser uma postura
cômoda - Coelho foge de assertivas e é, dentre todos os entrevistados, quem
mais teria a perder com revisionismos - mas o fato é que o escritor tem certa
razão. À parte o clichê da metamorfose ambulante, Raul Seixas, como ícone, se
define pela imagem que fazem dele.
Ao que sabemos, Raul se
interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia,
história, literatura e latim e algumas crenças dessas correntes foram muito
aproveitadas em sua obra, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas
mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos quarenta anos.
Raul foi o artista mais acessível
da nossa linhagem de antropofagistas (ele dizia não roubar, mas
"desapropriar" o estilo e as músicas de Elvis, Bob Dylan, Luiz
Gonzaga), e a admiração de Caetano Veloso, visível no filme, é uma prova disso.
Que a imagem do homem desapegado - que amou muitas mulheres e alavancou as
carreiras de seus parceiros - tenha também algo de trágico só intensifica o
mito.
Durante os shows, Raul mostrava-se
debilitado. Tanto que só participava de metade do show, a primeira metade era feita
somente por Marcelo Nova.
Esse documentário sobre um dos
precursores do Rock nacional nos traz a oportunidade de recordar, trazendo para
as novas gerações as atitudes, a ironia e a irreverência de um gênio da música,
que nos deixou em 1989, com 44 anos. Avesso as convenções, sua música flui de
forma marcante e moderna até nossos dias.
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