Depois de uma pausa nas postagens devido às férias, estou voltando ao batente. Preparei-me todo contente, imaginado que iria encontrar a escola viva, cheia de energia, mas não foi o que aconteceu. Me deparei com uma escola doente, agonizando, com uma espada sobre a cabeça pela ameaça de fechamento. Professores e funcionários tensos, sem saber onde serão lotados.
Diante de tal realidade, comecei a refletir sobre esta situação. Por que várias escolas estão fechando por falta de alunos, enquanto outras pais dormem na fila para conseguir uma vaga? (confira aqui o fenômeno Cocal dos Alves)
É claro que as razões são muitas e não podemos simplificá-las, dada sua complexidade. O que eu posso afirmar, mesmo correndo o risco de fazer o papel de advogado do diabo, é que nós, professores, gestores e alunos também somos responsáveis.
Eu já ilustrei aqui neste blog o quanto admiro a saga Harry Potter, porque em tal ficção todos lutam em defesa da escola, que sofre ameaças de toda natureza, mas no fim a união de todos termina dando a vitória a esta. (confira aqui o post Hogwarts e Paulo Freire)
Não estou negando a ausência do Estado, configurada na precariedade das escolas e das condições de ensino. Nós professores somos mal remunerados, não há infra-estrutura e nem material pedagógico. É fato! Mas é bom lembrar que os alunos são vítimas duas vezes, do Estado, assim como nós, e do nosso descaso.
Como diretor de escola pública, afirmo que é revoltante ver um professor descompromissado, (alguns afirmam que só estão na profissão até ser aprovado em um concurso melhor) alegar para seus alunos que os males do ensino público são resultado, sempre e sempre, do Estado. Pelo amor de deus, não estou generalizando! Mas já presenciei muito esta situação.
É muito triste ver alunos indo embora porque o professor não apareceu para dar aulas. É triste coordenar uma reunião pedagógica e ouvir de boa parte dos presentes que não vale a pena esforçar-se para melhorar a qualidade do ensino na escola porque o Estado não nos recompensa adequadamente.
É desanimador ver os alunos menos compromissados comemorarem a inoperância e o descaso do núcleo gestor e dos decentes da escola, pois sabem que não precisarão esforçar-se, visto que, no final do ano todos serão aprovados sem o menor esforço.
Enquanto os alunos que querem uma vida melhor, e sabem que atualmente as oportunidades são muitas, ficam tristes, por constatarem que a escola na qual estão matriculados não tem compromisso em dar-lhe as condições de progredir nos estudos. O resultado, estes alunos acabam procurando outra escola.
Precisamos acordar e nos comprometer com as escolas em que trabalhamos pois do contrario essas irão "morrer".
Penso que a luta é mais do que necessária, mas precisamos fazer isso sem deixar a escola afundar na inoperância! Lutar pela melhoria de nossas condições de trabalho, não significa que temos que deixar a nossa escola fechar as portas por falta de alunos. Uma coisa é uma coisa e um pneu é um pneu!