Após uma semana extenuante de trabalho resolvi mais uma vez
usar a minha prerrogativa professoral (Lei nº 3.130/2002) e fui ver Gonzaga - De pai para filho, um filme sobre mágoas e reconciliações entre pai e
filho (Gonzaguinha e Luiz Gonzaga).
Que retrata a vida de Gonzaga, desde sua infância em Exu,
no sertão pernambucano, passando pelo início da carreira nas ruas do Rio de
Janeiro, até sua histórica turnê 'Vida de Viajante' com o filho Gonzaguinha.
Se me perguntarem se vale a pena, a resposta é sim, apesar de
alguns tropeços, no inicio o filme parece uma minissérie da Globo, é emocionante
refletir sobre as nossas origens, digo isso porque quem tem raízes no campo
logo se identifica.
De cara me emocionei com a paisagem árida do sertão, (lembrei de casa) as mulheres com pano na
cabeça , as novenas, e a lei geral do interior, a benção: ... Bença pai! Deus de faça homi! ... Bença pai!
Deus de faça filiz! ... Bença pai! Deus te dê saúde!
Na tela o nordestino é retratado como uma figura de homem
forte e que não tem medo do trabalho, capaz de lutar até o último momento para
manter a família, superar os obstáculos e determinados a aceitar o destino
fatalista trazido pela seca.
Lembrei do meu pai, o seu Ademar, que ainda hoje vive no
campo e não se encanta pelas “facilidades” da cidade. Se quiser ver o véi
zangado fale mal do interior perto dele. Assim como meu avô, pai do meu pai,
que nasceu, se criou e morreu no campo.
É uma história sobre famílias e a falta de capacidade que
temos em lidar com o legado dos nossos pais ou com as novas fronteiras dos
nossos filhos. Gonzaga não é apenas uma cinebiografia de dois cantores que, por
acaso, são parentes. É sobre este conflito pai e filho que vive em cada um de
nós.
Os intérpretes de Gonzaguinha dão um verdadeiro show.
Alisson Santos, na infância; Giancarlo Di Tomaso, na adolescência; enquanto que
Júlio Andrade, na fase adulta, não é um intérprete, porém o sósia de
Gonzaguinha.
O filme
é permeado de clássicos dos dois artistas (Gonzaga e Gonzaguinha). Boa parte
com o baião de Gonzagão, é fato. Mas, em muitos momentos ouvimos os acordes com
letras potentes de Gonzaguinha a exemplo de Sangrando, que o vemos compondo.
Além da música escolhida para o encerramento que é bem condizente com tudo
aquilo e nos faz sair cantando, felizes da sala de cinema.
No
fim das contas, Gonzaga - De
pai para filho é um ótimo
filme que deve ser conferido e apreciado. É uma ótima oportunidade de conhecer
dois grandes nomes da música brasileira e um pouco da história deles e da
própria música nacional.