Hoje foi dia de reunião pedagógica na escola, muito produtiva, coisa rara hoje em dia. No final discutimos sobre a indisciplina dos alunos, o desamparo familiar, a situação de vulnerabilidade deles perante as drogas, álcool, prostituição etc.
Quem trabalha com educação com certeza já se deparou com alunos rebeldes, indisciplinados, os dito alunos problema.
A dificuldade de aprendizagem de alguns alunos e o sentimento de impotência de nós professores para lidar com essa situação forma um círculo vicioso. Um círculo que se expressa em nossas lamentações, pois nos sentimos deprimidos e decepcionados. Tornando patente que as dificuldades dos alunos problema são similares às nossas, pois nós também nos sentimos impotentes para ensinar.
Sempre tratamos o fracasso escolar nos vitimando diante da situação, tratamos logo de lavar as mãos alegando que não tem jeito pois ele (o aluno) vem de uma família desestruturada. O que não deixa de ser verdade, mas o fato é que quanto mais, sonhamos com o aluno ideal, com a família ideal, com as condições ideais de ensino, mais nos deprimimos com a realidade da sala de aula, que diga-se de passagem ... É isso! Trabalhar com gente é difícil!
Hoje as famílias não são mais como antigamente. Casais se separam, opções sexuais diversas... nos deparamos com turbulências emocionais que muitas vezes não estamos preparados para encarar.
Eu sei que a idealização é importante pois precisamos acreditar no poder que a educação tem de ajudar a promover o desenvolvimento do ser humano. Por outro lado, essa idealização traz problemas, porque idealizamos uma situação que não existe.
É uma questão polêmica e muito complexa, mas quem trabalha ensinando inexoravelmente acaba aprendendo, comigo não foi diferente. Ao longo desses anos sofri muito, mas aprendi bastante também, tachei alunos com tal emblema e com o passar dos anos encontro eles em uma situação totalmente diferente do que eu imaginei, com carreiras profissionais promissoras, vida familiar estruturada, adaptado as regras sociais, etc.
Tive um aluno que quase me causou um enfarto e hoje está se formando em História e será um profissional muito melhor do que eu. Mas também tive alunos que eu imaginava que teriam êxito nos estudos e no entanto, por vários motivos, abandonaram a escola.
Digo isso porque ouço constantemente nas escolas onde trabalho, frases do tipo: “Não vai passar”, “tem que expulsar”, “esse aluno não quer nada”, "ponha-se pra fora da minha aula". Pois bem, primeiro não acredito que, como regra, exista alguém que não queira nada, talvez nos falta descobrir o que esse aluno quer. Segundo que a falta de estrutura familiar, por si só, não justifica o desinteresse dos alunos. Penso que pode até haver alunos sem jeito, mas são raríssimos .
Zapeando a internet encontrei uma matéria no Portal Cidade Verde a respeito desse assunto, trata-se do projeto Escola que Protege II que pretende desconstruir conceitos negativos e construir culturas de paz nas escolas. O coordenador, meu colega, professor Jurandir Lima, afirma que o projeto visa o combate à violência dentro das escolas, e descontruir conceitos do tipo o aluno vagabundo ou o aluno que não tem jeito.
Bem, como o projeto será implantado em várias escolas em todo o Estado, dentre elas em três que são vizinhas a que eu estou como diretor e conheço bem os seus gestores, (CAIC Prof. Melo Magalhães, Unidade Escolar Moaci Madeira Campos e Unidade Escolar Domício Magalhães), vou acompanhar com o objetivo de aprender um pouco mais.
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